terça-feira, 8 de julho de 2014

Sauber vive pior começo de temporada da sua história

Não são dias felizes para a Sauber, e você não precisa ser um expert em F1 para saber disso. A equipe suíça está numa modestíssima décima posição no campeonato de construtores, sem pontos marcados, enquanto vê a carismática Marussia marcando 2, com um orçamento bem mais limitado.

A situação é ainda pior do que os pontos indicam. Desde a aposentadoria de Peter Sauber, no fim de 2012, a escuderia passa por dias inconstantes sob o comando de Monisha Kaltenborn, que ainda não parece ter pego o jeito da coisa. Os pilotos, Gutiérrez e Sutil, formam a dupla mais fraca e sem graça do grid. Eles simplesmente não são capazes de extrair mais do que o carro permite - e isso pode ser percebido pelo retrospecto da dupla. O resultado é uma seca das mais brabas que a equipe cinza já viu.

Números mostram isso bem. Resolvi comparar as nove primeiras corridas de todas as temporadas da equipe. Analisei as pontuações de toda a história da equipe e, para tal, usei aquela sistema vigente até 2009; na minha opinião, é a melhor e mais adequada, por ser menos discrepante.

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O traço azul representa os pontos; o vermelho, os abandonos. As faixas horizontais representam a média de cada um dos fatores.

Até 2013, o recorde negativo da história da equipe eram o equivalente a 2 pontinhos, em 2010. Antes da BMW comprar o time, o mínimo tinha sido 9, em 2003. A média histórica de pontos, após nove corridas, é 14,7. Em 2014, como vocês sabem, a soma é zero. Isso só dois anos depois de um excelente 2012. É uma decadência só comparável com 2002 e 2003, ressaca pós-2001, ano em que a equipe tinha um ótimo carro e a jovem promessa Kimi Räikkönen.

A quantidade de abandonos também incomoda, mas não chega a ser um recorde. Foram 8 abandonos dos 18 carros que disputaram essas 9 corridas. O número fica acima da média da equipe, que é 7. Você pode achar que o número desse ano não é tão espetacular por ser quase médio, mas devemos lembrar que a tendência das últimas temporadas é um menor número de abandonos e que a média é puxada para cima por causa do começo dos anos '90, onde abandonos eram bem mais corriqueiros. É a segunda vez que esse número fica acima do normal desde o retorno da equipe ao automobilismo, em 2010.

Enfim, os números só quantificam o tamanho da desgraça que é a Sauber em 2014. É o resultado de um time cuja única renovação nos últimos anos foi promover uma antiga funcionária ao cargo de chefe de equipe. Ninguém ouve falar em contratações de peso para o staff, sejam projetistas, estrategistas ou pilotos. Tudo anda muito mediano (para não dizer medíocre) na equipe suíça.



A falta de dinheiro é um dos maiores problemas. Dê uma olhada na foto do C33, acima. A marca com mais destaque é a Claro, benção de Carlos Slim, através de Gutiérrez. O mesmo vale para a Telmex, com menos destaque no carro. Tem também a NEC, uma multinacional sediada em Tóquio. A marca do Chelsea não é visível nessa foto, mas também está presente. Todos os outros são quase insignificantes. Os sidepods, espaço mais nobre do carro, estão vazios. A asa traseira carrega o nome da equipe, um jeito de evitar que aquele espaço fique em branco.

Se a equipe vai se recuperar no longo prazo? É cedo para dizer, mas é um situação bem desfavorável. Nós sabemos que, sem dinheiro, fica difícil tentar evoluir, ainda mais nesses dias economicamente instáveis. Minha opinião? É o começo do fim da Sauber. Espero estar errado.

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