terça-feira, 24 de setembro de 2013

Um dia, no passado... - A vitória mais esmagadora da história da McLaren

Com bastante atraso, vou fazer uma pequena homenagem ao Cinquentenário da McLaren, figura constante na F1 desde os anos '60. Como em todas equipes, a de Bruce teve anos péssimos e excelentes. Vou focar nos excelentes, afinal a ideia desse post é falar bem dela.

Voltemos 25 anos no tempo, para '88. Era um ano de renovação na McLaren: a equipe, campeã em '85 e '86, já não tinha o melhor carro do grid há duas temporadas, o que culminou no fraco ano de '87. Prost não chegou nem perto de disputar o título, Johansson nunca mostrou a que veio e os motores TAG-Porsche já não pareciam tão espetaculares assim. Para a sorte do time, em '89 o regulamento ia mudar bastante, essa poderia ser uma hora muito boa para tomar as rédeas da F1 do melhor time do momento, a Williams. Só que começar tudo em '89 parecia muito arriscado, era preciso testar um pouco mais as novas peças do time - fossem essas peças partes do carro ou pessoas, mesmo. '88 ia ser um grande laboratório, que talvez desse certo.

E quais seriam essas novas peças? A McLaren tinha um interesse antigo num tal de Ayrton Senna, que vinha fazendo miséria com um chassis relativamente fraco como o da Lotus. Na verdade, a melhor coisa do 99T era o motor Honda, que interessava tanto quanto o piloto. A montadora japonesa gostou muito de trabalhar com Ayrton, que tinha toda aquela determinação e coragem que os nipônicos amam. Quando os boatos sobre a contratação do paulista esquentaram, o pânico tomou os orientais. Parar de trabalhar com ele estava fora de cogitação, ainda mais sabendo que ele ia para um time com mais potencial. Como as três partes - McLaren, Senna e Honda - queriam trabalhar juntas, não foi tão difícil chegar em um acordo. Estava montada a base do momento mais vitorioso da história de Woking.
A máquina de 1988: MP4-4
Logo na pré-temporada, ficou clara a superioridade da McLaren. O chassis era o melhor do grid, e a Honda conseguiu tirar um proveito muito grande da limitação dos motores turbo - de 4atm para 2,5atm - fazendo o motor render absurdamente mais, sem ficar fora do regulamento. Tão genial que a Ferrari precisou de meio ano para descobrir aonde ficava a diferença. E mesmo assim não conseguiu fazer algo tão bom.

A temporada começou em Jacarepaguá, uma pista meio travada e não muito favorável para os turbos. Não foi a toa que Mansell conseguiu o 2o lugar na qualificação. Prost venceu, Senna foi desclassificado por trocar de carro após o tempo permitido. Ficava claro, pelo ritmo de Alain, que a McLaren tinha o melhor carro, de longe. Mas ainda haveriam domingos melhores.

E o melhor domingo da história da McLaren, na minha opinião, veio em 01/05/88. Corrida de San Marino, num dos circuitos mais divertidos da F1. Divertido porque as corridas costumam ter muitas disputas mas, na verdade, só a McLaren viu graça naquele dia. Já no treino, os carros #11 e #12 botaram 3.352s de diferença para Piquet, 3o no grid. Nelson tinha o mesmo motor do MP4-4. Aterrorizante, ainda mais num circuito veloz como era o de Ímola.

A corrida só não viu uma dobradinha constante da McLaren porque Prost fez uma largada ruim e caiu para 6o. Não demorou muito para que o francês assumisse o 2o lugar. Mas Senna já estava longe demais para ser alcançado. Brigas no meio do pelotão a parte, as disputas acabaram aí. Enquanto todos viravam tempos normais, Ayrton e Alain viravam uns 2s mais rápidos por volta. No fim, os outros começaram a perder rendimento, mas a McLaren, que correu tudo que tinha, o tempo todo, não deu nenhum sinal de cansaço. E deu volta em todos. Uma surra de dar pena na Ferrari, que corria em casa mas teve tantas chances de vitória quanto a Minardi, a Eurobrun ou a AGS: zero.
Resumo de 1988
Dali para a frente o baile seguiu. O recorde de mais vitórias em uma temporada - 15 de 16 - se concretizou; Senna e Prost seguiram seus caminhos para brigar sozinhos pelo título; o MP4-4 seguiu sendo absurdamente superior. Esse quadro não mudou até o segundo semestre de 1989. Parabéns McLaren, porque nessa temporada vocês capricharam.

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