Voltemos 25 anos no tempo, para '88. Era um ano de renovação na McLaren: a equipe, campeã em '85 e '86, já não tinha o melhor carro do grid há duas temporadas, o que culminou no fraco ano de '87. Prost não chegou nem perto de disputar o título, Johansson nunca mostrou a que veio e os motores TAG-Porsche já não pareciam tão espetaculares assim. Para a sorte do time, em '89 o regulamento ia mudar bastante, essa poderia ser uma hora muito boa para tomar as rédeas da F1 do melhor time do momento, a Williams. Só que começar tudo em '89 parecia muito arriscado, era preciso testar um pouco mais as novas peças do time - fossem essas peças partes do carro ou pessoas, mesmo. '88 ia ser um grande laboratório, que talvez desse certo.
E quais seriam essas novas peças? A McLaren tinha um interesse antigo num tal de Ayrton Senna, que vinha fazendo miséria com um chassis relativamente fraco como o da Lotus. Na verdade, a melhor coisa do 99T era o motor Honda, que interessava tanto quanto o piloto. A montadora japonesa gostou muito de trabalhar com Ayrton, que tinha toda aquela determinação e coragem que os nipônicos amam. Quando os boatos sobre a contratação do paulista esquentaram, o pânico tomou os orientais. Parar de trabalhar com ele estava fora de cogitação, ainda mais sabendo que ele ia para um time com mais potencial. Como as três partes - McLaren, Senna e Honda - queriam trabalhar juntas, não foi tão difícil chegar em um acordo. Estava montada a base do momento mais vitorioso da história de Woking.
A máquina de 1988: MP4-4 |
A temporada começou em Jacarepaguá, uma pista meio travada e não muito favorável para os turbos. Não foi a toa que Mansell conseguiu o 2o lugar na qualificação. Prost venceu, Senna foi desclassificado por trocar de carro após o tempo permitido. Ficava claro, pelo ritmo de Alain, que a McLaren tinha o melhor carro, de longe. Mas ainda haveriam domingos melhores.
E o melhor domingo da história da McLaren, na minha opinião, veio em 01/05/88. Corrida de San Marino, num dos circuitos mais divertidos da F1. Divertido porque as corridas costumam ter muitas disputas mas, na verdade, só a McLaren viu graça naquele dia. Já no treino, os carros #11 e #12 botaram 3.352s de diferença para Piquet, 3o no grid. Nelson tinha o mesmo motor do MP4-4. Aterrorizante, ainda mais num circuito veloz como era o de Ímola.
A corrida só não viu uma dobradinha constante da McLaren porque Prost fez uma largada ruim e caiu para 6o. Não demorou muito para que o francês assumisse o 2o lugar. Mas Senna já estava longe demais para ser alcançado. Brigas no meio do pelotão a parte, as disputas acabaram aí. Enquanto todos viravam tempos normais, Ayrton e Alain viravam uns 2s mais rápidos por volta. No fim, os outros começaram a perder rendimento, mas a McLaren, que correu tudo que tinha, o tempo todo, não deu nenhum sinal de cansaço. E deu volta em todos. Uma surra de dar pena na Ferrari, que corria em casa mas teve tantas chances de vitória quanto a Minardi, a Eurobrun ou a AGS: zero.
Resumo de 1988 |
Excelente post
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