quinta-feira, 31 de julho de 2014

Os dias contados de Vergne


Jean-Éric Vergne é um caso curioso dentro da F1. Não é considerado o futuro da categoria, não é um talento que deslumbra espectadores ao redor do mundo. Mas faz o seu trabalho direitinho, pontua sempre que dá - apesar de não ter o costume de render bem em voltas rápidas. Esse ano, por exemplo, vem batendo Daniil Kvyat que, apesar de novato, é bastante rápido e promissor. Em 2012, bateu o hoje consagrado Daniel Ricciardo. No geral, é uma carreira digna de aplausos, desde a base até o pináculo do automobilismo.

Apesar dos prós, Vergne não está na condição mais confortável do mundo em 2014. Já está em sua terceira temporada com a Toro Rosso, que tem o péssimo hábito de demitir os pilotos sem mais nem menos, assim que percebe que eles não serão o próximo Sebastian Vettel. Jean-Eric viu seu grande parâmetro, Ricciardo, alcançar uma vaga na Red Bull e ganhar a condição de estrela. De certa forma, o francês foi visto como o derrotado pela cúpula de sua equipe, como se não fosse capaz de lidar com as responsabilidades de uma escuderia campeã. E acusou o golpe, passando a segunda metade de 2013 em branco, após um começo de ano promissor. Ali seu futuro pode ter sido definido.

Batendo o Ricciardo, quem diria?
É que na Toro Rosso os fracos não têm vez. Existe um punhado de jovens loucos por uma chance na categoria-maior e que, justamente por serem membros do Red Bull Junior Team, veem na equipe italiana a única oportunidade de pilotar um F1. Vergne, de certa forma, só está ocupando um espaço que é destinado ao desenvolvimento de novos pilotos para, quem sabe, servir à Red Bull. E ele dá claros sinais de que não seguirá esse caminho.

Já são três temporadas guiando os carros de Faenza, tantos anos quanto Buemi e Alguersuari. E vocês sabem o que aconteceu com a antiga dupla ao fim do terceiro ano: demissão. E olha que duraram bastante: Liuzzi, Speed e Bourdais demoraram menos ainda para garantir o seguro desemprego. Ao contrário da Ferrari ou da Mercedes, a Toro Rosso não é conhecida pela longa duração dos contratos.

Isso é uma grande pena. Mesmo. Vergne deu um show no GP da Hungria, segurando carros muito mais rápidos e que poderiam brigar pela vitória. É um piloto mais maduro, que vem tentando corrigir seus erros e defeitos de outrora. Pena que, creio eu, seja muito tarde. Acho que ele só não foi chutado em 2013 para que a STR não fosse obrigada a contar com dois novatos numa temporada com carros tão diferentes como a de 2014. Está lá para ser um parâmetro para Kvyat, não muito mais que isso. E ao  fim do GP de Abu Dhabi desse ano, esse dever estará terminado.

Quase uma babá
Mas vai sair para entrar quem? Bem, Carlos Sainz Jr é o nome mais provável. Já vem sendo cogitado na Caterham, ainda nesse ano, como parte do processo de amadurecimento (Ricciardo passou por isso com a Hispania em 2011). Daí em 2015 ele vai para a equipe júnior dos energéticos. Existem outros nomes bons no Red Bull Junior Team, mas creio que já seriam apostas para 2016 ou 2017 - Alex Lynn e Pierre Gasly.

É triste, mas não é novidade. As chances de vermos Vergne na F1 em 2015 vão diminuindo, mesmo que seus resultados venham crescendo. É o jeito da Toro Rosso de trabalhar.

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