quarta-feira, 16 de julho de 2014

Sim, Caterham, pode piorar


A Caterham é, de longe, a equipe mais lamentável do grid atual. Você pode achar ela simpática justamente por ser pobre e desprezada, mas não há de negar que esse é justamente o talento dela - ser backmarker. 

Nesses últimos dias a equipe anglo-malaia chegou em um novo nível de pobreza: foi vendida no meio da temporada, atitude nível "equipe dos anos 80 que não passava da pré-classificação". A última que passou por isso foi a cômica MF1, que antes do fim da temporada virou Spyker. Mas era uma equipe recém fundada, isso poderia acontecer, paciência.

A Caterham é, até certo ponto, uma equipe estabelecida e com cinco anos de experiência no bolso. Nunca fez nada, mas até duas temporadas atrás era a mais promissora daquele trio que estreou em 2010. 2013 e 2014 foram suficientes para derrubar um avanço que, apesar de mínimo, existia.

Agora, o futuro. A equipe perdeu, já no GP da Inglaterra, dois dos seus patrocinadores mais interessantes: Airbus e GE simplesmente sumiram da asa-traseira e dos sidepods, respectivamente. Só sobrou a Dell, mas não sabemos até quando. Em contrapartida, tem o tal conglomerado árabe-helvético (sério, como essa combinação pode dar certo?) que promete investir muita grana - como todo mundo ao entrar na F1. Também teremos mudanças administrativas, como a volta de Colin Kolles, aquele que acumula fracassos na F1. Além de Christijan Albers assumindo como chefe de equipe - vale lembrar que o cara era piloto até ontem.

Kolles, o salvador (cof cof)
Não sei porque alguém sugeriu a Albers, que nem sabe sair dos boxes direito, dirigir uma equipe de F1. Ele não tem experiência e logo de cara vai assumir uma equipe presumidamente falida. Na verdade, ver ele pilotando uma Caterham até poderia fazer algum sentido, mas não vai rolar. A pessoa que o aconselhou a seguir esse caminho deve ter sido a mesma que disse para Marco Mattiacci que vender carros nos EUA e ser chefe de equipe na F1 não são coisas tão distintas assim.

E os problemas não se resumem à cúpula da equipe. Ontem foi anunciado que quase 50 funcionários da Caterham foram demitidos, num triste processo de destruição que nós ainda não sabemos onde vai terminar. Ou melhor, nós sabemos, só não queremos ser taxativos tão cedo. Parece que, independente de quem esteja no comando, as rédeas não estão controladas. Eu sei que é muito cedo, mas o caso exige alguma urgência.

Vale lembrar que, mesmo sendo o pior do grid, o CT05 não é exatamente o carro menos competitivo da história da F1. Ericsson, costumeiramente mais lento que Kobayashi, tende a ficar em torno de uns 5s atrás do pole em voltas rápidas. Ainda não chega aos absurdos 10s de diferença que eram registrados nos anos 80, mas é o caminho. O 107% não está tão longe assim. Na verdade, esse limite já foi alcançado no GP da Inglaterra, mas muito por causa das condições climáticas, que confundiram e misturaram o grid. Não chega a ser a condição real, mas várias equipes enfrentaram esse problema e só a verde passou do limite.

Dias difíceis
E os pilotos também não são essas maravilhas. Ericsson é lento e acidentado, simples assim. Kobayashi é mais rápido, erra menos, mas também não é nenhuma Brastemp. Não fosse o dinheiro dos fãs, não teria voltado ao grid. E já faço uma aposta, de que um dos dois será demitido em breve, talvez durante as férias de agosto. Carlos Sainz Jr., filhote da Red Bull, está em busca de um lugar para começar a carreira na F1 e já está negociando com os novos donos da Caterham.

Entra no lugar de quem? É cedo para dizer, mas aposto no Ericsson sendo demitido. Kobayashi não é tão cabaço quanto o sueco, acho que se sustenta. De qualquer forma, o clima na equipe de Leafield é de incerteza, seja para pilotos, seja para funcionários.

Fico pensando em algum funcionário da Caterham, triste ao ver a Marussia marcando pontos, olhando para o céu e se perguntando: "meu pai, tem como piorar?". Sim, tem como. E já piorou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário