sábado, 9 de fevereiro de 2013

Fórmula 1 e o colapso dos novos circuitos

Pense um pouco: quando foi a última vez que um circuito já existente entrou no calendário da F1? - ou seja, que não foi construído para entrar na F1, especificamente e, com o tempo, acabou entrando? Não precisa pensar muito, deixa que eu dou a resposta: Fuji, em 2007, 6 anos atrás; antes disso? Indianápolis, em 2000, 13 anos atrás. Enquanto isso entraram no calendário Cingapura, Abu Dhabi, Yeongam, Buddh e Austin (pra não citar os mais antigos: Istanbul, Bahrein e Malásia), todos construídos com o propósito principal de "sediar corridas de Fórmula 1, depois o resto", ao contrário do original "sediar corridas" além de que, nos quatro 1os circuitos citados existe ainda a famigerada "Orientalização da F1".

Qual o resultado? Yeongam e Buddh só sediam corridas de F1; Austin só sedia F1 e V8 Supercars; Abu Dhabi, o mais avançado, sedia F1, GP2, DTM e sediou V8 Supercars. Para mim é pouco, se considerarmos que circuitos clássicos europeus (Spa, Hockenheim, Silverstone, Monza) sediam F1, GP2 campeonatos de Turismo, de Moto e as trocentas F3 que lá existem. E acontece que os circuitos europeus estão com pouco dinheiro e os asiáticos estão com muito, mas por quanto tempo? Não me parece nem um pouco rentável construir obras gigantescas para sediar um único evento de míseros três dias por ano, e com o agravante das arquibancadas ficarem vazias...
A F1 do século XXI. Elefantes brancos espalhados no Oriente.
Nada dura pra sempre, diria o poeta; nem o dinheiro das novas potências asiáticas, eu completaria. E como vai ser quando acabar? O Governo vai bancar a manutenção dos circuitos e as taxas de Bernie para uma minúscula minoria local que gosta do esporte se divertir? Não, não vai, como já deu pra ver na Turquia. Buddh, Yeongam e Abu Dhabi vão virar restos de obras grandiosas, quase um Partenon dos novos tempos. Sabe aquelas imagens dramáticas do Banking do Oval de Monza? Troque aquilo pelo túnel dos Boxes de Yas Marina e deu, deixe a imaginação voar. Existem muitas mamães elefantas grávidas por aí, e parece que os filhos vão ser Albinos, se é que você entendeu a piada.

E isso afetaria a F1? Creio que sim. Bernie não quer ver circuito caindo aos pedaços no seu esporte. O forro de umas arquibancadas de Sepang estava com problemas, lá foi o ancião reprimir. O asfalto de Montreal estava se esfarelando, em 2008, e lá foi a múmia dar um ano de castigo pros canadenses. É muito mais fácil fazer "ameaças" quando existe um outro circuito querendo pegar uma vaga sua, mas e quando não houver mais? E quando países como Tailândia, Vietnã e Indonésia perceberem que isso de chamar Hermann Tilke pra construir um elefante branco que vai ser útil por uns sete anos é uma roubada, quem Ecclestone vai usar pra ameaçar? Será que ele vai engolir o orgulho e baixar o número de corridas para umas 16, como era até pouco tempo atrás? Muitas perguntas, poucas respostas...

O futuro da Ásia pode ser tão doloroso quando o dessa beleza aqui.
Não vai ser eterna essa expansão, em suma. Um dia os Petrodólares acabam e a F1 volta pra casa, digamos. "Ah, vamos voltar aos velhos tempos, então?" Receio que não. A diferença vai ser que vamos ver os Tilkódromos serem cosntruídos na Alemanha, na Espanha, na Itália, e por aí vai. O avanço da modernidade não pode ser interrompido tão facilmente assim. E, quando olharmos pra trás, perceberemos que o problema não era a Ásia, nem os Sheikes Árabes, nem o Bin Laden, nem o Psy. O problema está infiltrado na cabeça de quem banca circuitos e crê, idiotamente, que circuito bom e circuito bonito são sinônimos. Mas até lá vai demorar um tempo, ainda. 

Vamos aproveitar e ver umas corridas de F1 no Bahrein para ver se o tempo passa mais rápido...

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