Pense um pouco: quando foi a última vez que um circuito já existente entrou no calendário da F1? - ou seja, que não foi construído para entrar na F1, especificamente e, com o tempo, acabou entrando? Não precisa pensar muito, deixa que eu dou a resposta: Fuji, em 2007, 6 anos atrás; antes disso? Indianápolis, em 2000, 13 anos atrás. Enquanto isso entraram no calendário Cingapura, Abu Dhabi, Yeongam, Buddh e Austin (pra não citar os mais antigos: Istanbul, Bahrein e Malásia), todos construídos com o propósito principal de "sediar corridas de Fórmula 1, depois o resto", ao contrário do original "sediar corridas" além de que, nos quatro 1os circuitos citados existe ainda a famigerada "Orientalização da F1".
Qual o resultado? Yeongam e Buddh só sediam corridas de F1; Austin só sedia F1 e V8 Supercars; Abu Dhabi, o mais avançado, sedia F1, GP2, DTM e sediou V8 Supercars. Para mim é pouco, se considerarmos que circuitos clássicos europeus (Spa, Hockenheim, Silverstone, Monza) sediam F1, GP2 campeonatos de Turismo, de Moto e as trocentas F3 que lá existem. E acontece que os circuitos europeus estão com pouco dinheiro e os asiáticos estão com muito, mas por quanto tempo? Não me parece nem um pouco rentável construir obras gigantescas para sediar um único evento de míseros três dias por ano, e com o agravante das arquibancadas ficarem vazias...
A F1 do século XXI. Elefantes brancos espalhados no Oriente. |
E isso afetaria a F1? Creio que sim. Bernie não quer ver circuito caindo aos pedaços no seu esporte. O forro de umas arquibancadas de Sepang estava com problemas, lá foi o ancião reprimir. O asfalto de Montreal estava se esfarelando, em 2008, e lá foi a múmia dar um ano de castigo pros canadenses. É muito mais fácil fazer "ameaças" quando existe um outro circuito querendo pegar uma vaga sua, mas e quando não houver mais? E quando países como Tailândia, Vietnã e Indonésia perceberem que isso de chamar Hermann Tilke pra construir um elefante branco que vai ser útil por uns sete anos é uma roubada, quem Ecclestone vai usar pra ameaçar? Será que ele vai engolir o orgulho e baixar o número de corridas para umas 16, como era até pouco tempo atrás? Muitas perguntas, poucas respostas...
O futuro da Ásia pode ser tão doloroso quando o dessa beleza aqui. |
Não vai ser eterna essa expansão, em suma. Um dia os Petrodólares acabam e a F1 volta pra casa, digamos. "Ah, vamos voltar aos velhos tempos, então?" Receio que não. A diferença vai ser que vamos ver os Tilkódromos serem cosntruídos na Alemanha, na Espanha, na Itália, e por aí vai. O avanço da modernidade não pode ser interrompido tão facilmente assim. E, quando olharmos pra trás, perceberemos que o problema não era a Ásia, nem os Sheikes Árabes, nem o Bin Laden, nem o Psy. O problema está infiltrado na cabeça de quem banca circuitos e crê, idiotamente, que circuito bom e circuito bonito são sinônimos. Mas até lá vai demorar um tempo, ainda.
Vamos aproveitar e ver umas corridas de F1 no Bahrein para ver se o tempo passa mais rápido...
Nenhum comentário:
Postar um comentário