A história é a seguinte: Ecclestone subornou Gerhard Gribkowski, visando facilitar um processo de venda de ações da F1. Bernie preferia que o grupo CVC fosse escolhido e o pagamento ao banqueiro, ilegal, foi a garantia para que o negócio fosse fechado. Para alguém que viveu em um mundo de dinheiro e poder, uma graninha aqui e outra acolá não fariam diferença nenhuma. É o mundinho do chefão. Quem não gostou muito disso foi a justiça alemã quando descobriu a função.
Não deixa de ser curioso que um pagamento tenha servido para garantir liberdade a Bernie, praticamente o mesmo processo que o levou aos tribunais, mas agora dentro da lei e correto. Uma vez mais, o dinheiro foi a base de seu sucesso - seja na venda de ações, seja no tribunal. Não me atrevo a discutir a decisão da corte, não tenho a base jurídica para abordar o caso, mas soa estranho que a sua inocência tenha sido garantida através do método mencionado. Ainda mais se considerarmos que Gribkoswki já foi julgado e está cumprindo pena por corrupção. Como se só um lado da moeda tivesse sido punido.
Bernie says: "think before you bribe" |
Podemos achar o baixinho um grande canalha, responsável por tudo de ruim que acontece com a categoria, mas ele não dá muita bola. É muito mais fácil para Bernie viver em um mundo a parte - em que redes sociais são uma "moda passageira" e relargadas paradas após safety-car são uma boa ideia - do que encarar a realidade de que a F1, mais do que um negócio, é um esporte e não envolve suborno e negociatas. Pelo menos deveria ser assim.
Não quero entrar no senso comum de dizer que no começo não era uma categoria cara. Claro que era, mas em outros níveis: para competir, você podia gastar muita grana construindo um bólido ou comprando um. Para os níveis quase amadores dos anos 50 e 60, era bastante. A F1 amadureceu, profissionalizou e virou o que é hoje: um lugar onde gastar milhões é normal.
Quatro Rodas de fevereiro de 1977. Não é de hoje. |
Para nós pode soar absurdo pagar milhões para seduzir e mudar as opiniões de alguém, mas para Bernie esse uso e ciclo de dinheiro é normal. Ele faz isso desde quando assumiu a Brabham, lá no começo dos anos 70. Não é certo, mas é o real, corriqueiro.
Ver o inglês conseguindo comprar sua liberdade é o irreal, ainda. Mas faz parte da sua vida. Uma pena, se lembrarmos que uma pessoa tão duvidosa tem o nosso esporte favorito na palma da mão.
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