terça-feira, 26 de agosto de 2014

O novo Rosberg


Nico Rosberg é o grande tema da semana. O alemão supostamente bateu de propósito em Hamilton, ocasionando um furo no pneu e outro nas chances de diminuir a vantagem do companheiro no campeonato de pilotos. O germânico também foi prejudicado, mas em um nível muito menor. Ainda conseguiu levar 18 pontos para casa.

Ficou provado que Rosberg não é mais aquele cara burocrático e meia-boca de outras temporadas. A transformação vem acontecendo desde sua chegada na Mercedes, em 2010, e atingiu seu clímax. Nico, hoje, é capaz de ser um completo canalha, se preciso for. Não que isso seja 100% errado: campeões costumam ser assim. Senna e Schumacher eram, por exemplo.

A surpresa de 2014 é que Rosberg mostrou velocidade durante o ano todo. Fez sete poles contra quatro de Hamilton. Foi também mais constante, tendo ido ao pódio dez vezes e abandonando só uma. Fez 73% dos pontos possíveis É, sem dúvida, desempenho de campeão. Em 2013, com o mesmo número de corridas, Vettel tinha conseguido 74%. Diz muito. Mas Nico nunca tinha mostrado a atitude de um vencedor.

Começando a ter problemas
Um cara rápido é só um cara rápido, não necessariamente um vencedor. Essa competitividade que tomou o alemão ao longo dos últimos tempos pode fazer a diferença. Correr o risco de bater no rival de propósito é muito cretino, mas pode ser necessário. Prost poderia ter perdido o título de 1989 se não fosse cretino. O mesmo vale para Senna em 1990 e Schumacher em 1994. Alonso foi sacana em Hockenheim/2010, mas não obteve sucesso. Foi um risco que não se pagou, paciência.

Não quero dizer que é certo, preferível tomar atitudes duvidosas em detrimento de outros, mas pode ser necessário. Seria muito mais bonito ver Rosberg passando por fora na Combes e ganhando o GP da Bélgica com Hamilton colado atrás. Mas o acidente foi a forma encontrada por Nico. Talvez tenha achado necessário marcar território após os problemas na Hungria - a função do rádio, a fechada de Lewis na últimas voltas (que acredito ser o "ponto" mencionado pelo filho do Keke). Moralmente é errado, mas moral e boa conduta não dão títulos para ninguém.

Passado Remoto
As consequências do alemão não terminam aqui. Ainda temos sete corridas pela frente, uma com pontos dobrados, e veremos muita lenha queimando. Toto Wolff, Niki Lauda e Paddy Lowe tem um problema gigante nas mãos. A zona de conforto já não existe mais, erros significam derrotas. Ricciardo está só esperando as chances, enquanto as flechas de prata se autodestroem. E o culpado de o que quer que ocorra será Rosberg, o vilão da história.

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