sábado, 1 de fevereiro de 2014

Perdido no Tempo

Foi confirmada na manhã de hoje a surpreendente aposentadoria de Ross Brawn, antigo diretor técnico da Ferrari e da Benetton, além de bem-sucedido dono da Brawn GP. Acaba a carreira de um dos homens mais conhecidos da F1 moderna. Mas não acaba em alta.

Após a venda da Brawn à Mercedes, Ross deixou de ser o dono da brincadeira para ser "apenas" mais um cara importante dentro de uma equipe de ponta. O problema é que, no últimos tempos, sobravam caras importantes lá dentro. O nicho do velho homem fora atacado por gente do calibre de Niki Lauda e Toto Wolff. Num mundo de alta competitividade e disputa de poder, alguém ia sobrar.

Preocupado?
Em 2012, o ex-chefe de equipe já não mandava tanto, e a Mercedes, pressionada por resultados, não tinha um futuro tão certo assim. Schumacher, que veio prometendo ser aquele piloto de outrora, fracassara. Nenhuma chance real de vitória tinha aparecido. Com isso tudo de negativo, uma simples canetada vinda de Stuttgart acabava com o dinheiro que sustentava a equipe.

Quis o destino que o outro lado da gangorra subisse. Rosberg venceu o GP da China e colocou as flechas de prata, definitivamente, entre os times de ponta da categoria. Esse processo continuou em 2013, com a vinda de Hamilton e mais três vitórias. O poder dentro do time valia cada vez mais. Sem o apoio do amigo Michael, agora aposentado, Brawn se viu encurralado dentro de um time que devoraria qualquer um que pisasse em falso.

Ross pisou.
Começo do fim
O GP da Malásia ficou marcado pelo jogo-de-equipe. Vettel  passou Webber, descumprindo ordens da Red Bull. Em segundo plano, Hamilton era protegido por Rosberg, que não poderia ultrapassar o inglês. As ordens vinham da Mercedes, via Ross Brawn. O problema é que o time alemão não era a Ferrari pra achar essa estratégia correta. Lauda e Wolff bufaram; Lewis e Nico ficaram com cara de bunda. Um desentendimento na cúpula era tudo que faltava pra mandar Ross pro espaço, como de fato aconteceu.

Ross não queria sair. Foi vitimado pelo seu pensamento conservador e, de certa forma, retrógrado. Talvez tenha pensado que o que foi feito quanto a estratégia e planejamento na Ferrari de Schumacher, Todt, Byrne e o próprio Brawn funcionaria em qualquer lugar. O clima da Mercedes era hostil demais para o seu funcionamento, acostumado com a camaradagem das escuderia italianas. Coincidência ou não, ele só logrou sucesso em equipes não-italianas quando era o dono.

Perdido no tempo, mas ainda assim um cara tradicional e que deixa muito mais marcas positivas que negativas. Ross Brawn vai, o legado fica.

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